terça-feira, 28 de junho de 2011

Geada coloca produtores em alerta

Ana Carla Poliseli
Principal medo é em relação ao milho

A massa de ar frio chegou a região trazendo uma queda brusca na temperatura. A mínima em Campo Mourão na madrugada de domingo para segunda-feira foi de quase 1 grau negativo. No final da tarde de hoje o tempo volta a esquentar, mas a previsão não é animadora, pois as mínimas ainda devem ser inferiores à 10o C. Se na cidade as temperaturas já assustam, quem tira o sustento do campo fica ainda mais preocupado. Ontem já foram registradas geadas em vários municípios da região de Campo Mourão e para hoje a previsão também é de formação de geadas. Uma análise completa dos estragos causados pelo frio nas lavouras será emitida pelo Departamento de Economia Rural (Deral) do Núcleo Regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Seab) até o final da semana.
Para quem investiu no milho safrinha o cenário é mais preocupante. “Quanto mais adiantada estiver a cultura menor é o prejuízo. Este ano a maioria dos grãos ainda não estava formada”, ressalta o engenheiro agrônomo, Marcilio Saiki. Ele explicou que os estragos foram menores nas regiões em que o milho estava mais adiantado.
Para quem plantou o milho até o final de fevereiro, as perdas foram menores. Com o desenvolvimento tardio das culturas, em especial o milho, o ciclo pode ficar complicado. “Infelizmente esse ano o plantio aconteceu mais para o final de fevereiro e início de março, já decorrente do atraso na colheita da soja. Em função das temperaturas mais amenas atrasou o ciclo. Então a geada chegou em um momento em que não tinha terminado o enchimento de grãos. Isso começou errado desde o plantio e uma coisa vai levando a outra”, frisa Saiki.
Como a mudança no clima veio acompanhada de umidade a preocupação foi maior. “Tivemos garoa antes e em algumas regiões a chuva chegou a 20 mm. Já foi suficiente para prejudicar.”
Com o trigo acontece o contrário, quanto menos adiantada a cultura, menores as são as perdas. “A maioria do trigo da região ainda está em fase de desenvolvimento vegetativo, então não tivemos grandes prejuízos. As maiores perdas acontecem no período de floração.”
Assim aconteceu na fazenda de Orcino Pereira, na região de Piquirivaí. O produtor que acordou assustado se animou depois de ver que a geada apesar de intensa, não prejudicou sua lavoura. “Ainda não dá para falar muita coisa, mas pelo volume de geada, o resultado não é de assustar”, diz. Segundo ele, em anos anteriores, houve até menos geada, mas as perdas eram maiores. “Depois da geada, com o sol brilhando como está, já daria para notar as perdas pela folha do milho. Mas não vimos muito o efeito nas plantas”, acrescenta.
Pereira deve começar a colher o milho somente no final de julho. “Tem uma parte que estava quase seca e outra verde - que ainda dá para fazer curau -, e em nenhuma posso estimar perdas.” Apesar do otimismo, ele revela que a perspectiva de novas geadas preocupa bastante. “Ah, se continuar pode causar prejuízos sim. Agora é torcer para até julho não termos mais geadas intensas”, acrescenta.
De acordo com técnicos do Deral, ainda é cedo para fazer um diagnóstico da região. Com a previsão de mais geada hoje, eles estão coletando os dados e a resposta sobre o prejuízo na agricultura da região deverá sair na quarta ou quinta-feira, quando a previsão é de que o tempo volta a esquentar.

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